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terça-feira, 26 de dezembro de 2023

De Janeiro a Janeiro : o calendário romano e sua origem

por Jessé Chahad


"A passagem do tempo é inexorável, e em sua busca por ordem e organização, as civilizações antigas deram origem a sistemas calendáricos que moldaram a maneira como percebemos e medimos nossas vidas. No epicentro desse esforço está o Calendário Romano, uma criação que ecoa através dos séculos, marcando uma era de conquistas e transformações.

A mente brilhante de Cícero, orador e filósofo romano, reflete sobre a importância da temporalidade, afirmando que 'o tempo descobre todas as coisas'. Essa constatação ressoa especialmente ao considerarmos a inventiva dos romanos ao criar um calendário que buscava capturar e estruturar a complexidade dos ciclos astronômicos.

    O filósofo estoico Sêneca, por sua vez, observa que 'não temos vida curta, mas a fazemos ser assim'. Essa noção de dar forma ao tempo é encapsulada na arquitetura do Calendário Romano, um sistema que simboliza a capacidade humana de moldar e domesticar o tempo em sua busca pela compreensão do cosmos.

    O historiador romano Tácito nos adverte sobre os perigos da ignorância histórica ao proclamar que 'a história é a testemunha do passado, a luz da verdade, o mestre da vida'. Ao examinarmos a invenção do Calendário Romano, somos guiados por essa luz da verdade, compreendendo como a sociedade romana percebia a importância de controlar o tempo para forjar uma identidade coesa e duradoura.

    O poeta romano Ovídio, em sua obra 'As Metamorfoses', ressalta a fluidez do tempo ao afirmar que 'nada é constante, exceto a mudança'. Entretanto, paradoxalmente, a criação do Calendário Romano buscou introduzir estabilidade e previsibilidade na contagem dos dias, estabelecendo uma âncora no oceano inconstante do tempo.

    Assim, ao contemplarmos a invenção do Calendário Romano, somos instigados a refletir sobre nossa própria relação com o tempo e a percepção que temos da passagem dos dias. Nas palavras de Sêneca, 'não é que tenhamos uma curta vida, mas a tornamos curta'. O Calendário Romano, produto da engenhosidade de uma civilização que transcendeu sua própria época, permanece como um legado duradouro, testemunhando a habilidade humana de dar forma ao efêmero e fazer com que o tempo, de alguma maneira, seja eterno."

A celebração do Ano Novo é uma manifestação universal que transcende fronteiras, culturas e tradições. Em diferentes partes do mundo, as festividades são marcadas por rituais distintos, costumes variados e significados singulares, refletindo a diversidade da experiência humana.

Na China, a chegada do Ano Novo Lunar é recebida com o espetacular Festival da Primavera. As ruas ganham vida com desfiles coloridos, danças de leões e dragões, fogos de artifício e refeições em família. O evento é uma oportunidade para renovar laços familiares e afastar os maus espíritos.

No Japão, a passagem de ano é marcada pelo Hatsumode, uma visita aos templos xintoístas para fazer orações e obter amuletos de boa sorte. O som dos taikos (tambores) ecoa à meia-noite, enquanto as pessoas participam de cerimônias tradicionais e desfrutam de pratos culinários especiais, como o ozoni, uma sopa de ano novo.

Na Índia, o Diwali, ou Festival das Luzes, é também uma ocasião para celebrar o início do ano novo em algumas regiões. As casas são decoradas com lamparinas, fogos de artifício iluminam o céu e as famílias se reúnem para compartilhar refeições festivas e trocar presentes.

Na Escócia, a festa de Hogmanay é uma das maiores celebrações do ano. Os escoceses recebem o novo ano com entusiasmo, participando de eventos públicos, danças e queimas de fogos. Uma tradição conhecida como "First-Footing" envolve visitar amigos e familiares logo após a meia-noite, levando presentes como símbolos de boa sorte.

Nos Estados Unidos, a Times Square, em Nova York, é palco de uma das celebrações de Ano Novo mais icônicas. Milhares de pessoas se reúnem para assistir à descida da famosa bola de cristal à meia-noite. Em outras partes do país, festas privadas, fogos de artifício e brindes são comuns.

O Brasil é conhecido por suas festas animadas, especialmente nas praias, onde as pessoas vestem branco para simbolizar a paz e jogam flores no mar como oferenda a Iemanjá. A queima de fogos nas praias de Copacabana, no Rio de Janeiro, é um espetáculo famoso em todo o mundo.

    Independentemente das tradições específicas, a comemoração do Ano Novo une as pessoas em um espírito de renovação, esperança e otimismo. É um momento para refletir sobre o passado, celebrar as conquistas e antecipar o futuro com entusiasmo, independentemente de onde no mundo a contagem regressiva seja realizada.

    A     nomenclatura dos meses do ano é uma fascinante jornada através da história, permeada por influências culturais, mitológicas e até mesmo observações celestiais. Cada nome carrega consigo um legado que remonta a civilizações antigas e reflete a forma como nossos ancestrais percebiam e organizavam o tempo.

    Janeiro, o mês inicial, presta homenagem a Jano, o deus romano das portas e passagens. Este deus é representado com duas faces, olhando para o passado e para o futuro, simbolizando a transição de um ano para o outro.

    Fevereiro tem origens no festival romano chamado Februa, que envolvia rituais de purificação e limpeza. O próprio nome sugere uma conexão com a purificação, uma prática comum nesse período do ano.

    Março, o terceiro mês, deriva do deus romano Marte, associado à guerra e à primavera. A escolha do nome ressoa com a renovação da natureza e o despertar das atividades militares na primavera.

    Abril tem origens na palavra latina "aperire", que significa abrir. Este é o mês em que as flores desabrocham e a primavera se revela em toda a sua exuberância, representando um momento de renascimento.

    Maio é dedicado à deusa romana Maia, associada ao crescimento das plantas. Este é um período de fertilidade e abundância, simbolizando a natureza florescente.

    Junho recebe seu nome de Juno, a deusa romana da fertilidade e do casamento. O mês era considerado propício para as cerimônias matrimoniais, marcando o início da temporada de casamentos.

    Julho e agosto foram renomeados em honra aos imperadores romanos, Júlio César e Augusto César, respectivamente. Júlio César influenciou a inclusão de um novo mês no calendário, julho, enquanto Augusto adicionou um dia ao mês que levava seu nome para igualar a duração de julho. Ambos os imperadores eram figuras proeminentes na história romana.

    Setembro a dezembro, por sua vez, têm raízes em palavras latinas que denotam ordem numérica. Setembro, por exemplo, deriva de "septem", que significa sete, indicando sua posição original no calendário romano.

    A evolução dos nomes dos meses é um testemunho da interação entre a cultura, a mitologia e as observações astronômicas ao longo dos séculos. Essa tapeçaria de influências oferece um vislumbre não apenas da passagem do tempo, mas também da riqueza da imaginação humana ao dar significado aos períodos que moldam nossas vidas.

terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Sociedade do Hedonismo

por Jessé Chahad

Antes de tudo temos que definio que o Hedonismo é uma doutrina, ou filosofia de vida, que defende a busca por prazer como finalidade da vida humana. Buscar prazer é o que move as paixões, os desejos e todo o mecanismo da vida, sendo, portanto, na visão de hedonistas, a primeira e mais completa ponte para a finalidade última da vida: a felicidadeO uso de drogas e bebidas tem uma função diferente de acordo com o contexto histórico. O vinho desde tempos remotos foi utilizado no sentido de busca de prazer, mas sempre dentro do contexto também alimentício, pois acompanhava o banquete. A busca pelo prazer então não estava relacionada diretamente ao consumo do vinho, mas sim ao consumo em grupo e motivado por um evento comemorativo. O mito antigo de Dionísio já alertava que o vinho deveria ser diluído em água, a fim de evitar a embriagues, e exercer o autocontrole. O vinho, ou o uso do vinho no mundo clássico era então sinônimo de  responsabilidade.
Certas drogas, por sua vez foram largamente utilizadas com sentido religioso por diversas civilizações, explorando suas propriedades alucinógenas em práticas rituais, em busca do contato com o sagrado, ou divino. Na América, temos o uso dessas substâncias em todas as civilizações principais, Maias, Astecas e Incas, tanto no contexto religioso, quanto medicinal, dois planos que então não se separavam.
Se utilizarmos um anacronismo a nosso favor, pensando no campo da história, onde a problematização do passado se dá a partir de paradigmas do presente, o uso religioso, medicinal ou social foi suplantado pelo uso em busca do prazer individual e imediato, hedonista, fruto da sociedade extremamente individualizada que carrega o fardo da ditadura da felicidade.
A ingestão de bebidas alcoólicas por si só já virou uma cultura, independente do caráter festivo ou reunião em grupo, mas não mais está ligada à idéia de responsabilidade, e sim pelo contrário, para se permitir ser irresponsável e aproveitar os efeitos da embriagues sem se preocupar com o mundo real. A propaganda divulgava o american way of life como modelo civilizatório e nele estava contida a idéia de prazer, conforto no sentido de ser feliz.
Ora, se o mundo pós-guerra estava destruído, a impossibilidade da felicidade real levava as pessoas à loucura, ou a busca de fuga de realidade, e as bebidas e drogas assumiam novos papéis. As bebidas ainda mais que as drogas, pois enquanto as drogas passaram por um processo de construção de preconceito e proibição que não serão aqui analisados, as bebidas têm a propaganda a seu lado e estão diretamente ligadas a ideia da busca do prazer.
Daí o desenvolvimento de inúmeras doenças crônicas ligadas ao conceito criado de escapismo, como dependência química ou alcoólica. No caso das drogas a proibição gerou problemas estruturais gravíssimos principalmente no terceiro mundo, pois a simples proibição obviamente não acabaria com a demanda da sociedade pelo seu consumo, visto que foi o próprio sistema capitalista pós moderno que levou a inversão de valores e de costumes, pois o escapista quer escapar de algo, e esse algo é o mundo que te obriga a ser feliz, mas não te dá condições materiais de alcançar a felicidade, ainda que fútil e fabricada para mascarar os horrores da guerra.
Para aqueles que não tem interesse no uso de bebidas e drogas em busca do prazer, o capitalismo encontrou a solução através da fetichização de outros alimentos em geral. Retomando a ideia de Braudel do luxo à mesa, e traduzindo o luxo na contemporaneidade por prazer, a criação de um mercado de alimentos que não mais ligados apenas à necessidade de nutrição, funcionam como as drogas e bebidas no sentido do escapismo. A proliferação da obesidade, doença antes considerada genética é evidencia de que a sociedade se alimenta de supérfluos, e essa necessidade vem suprir a demanda pelo prazer, que acontece de maneira legal e indiscriminada, ignorando os malefícios para o organismo, mas feliz em poder consumir aquele produto que a sociedade diz que você deve consumir para ser uma pessoa feliz, sempre com o auxilio da propaganda.
A história da alimentação então relacionada com historia social e cultural nos faz enxergar que os costumes e pratica alimentares da sociedade são parte do seu contexto histórico, e a reinvenção de valores ainda se dá a partir das camadas dominantes. Em tempos contemporâneos de superprodutividade, a fome e a miséria ainda resistem e se institucionalizaram para que pudessem exercer seu papel no sistema capitalista.
A busca pelo prazer nas camadas pobres é realizada pela simples presença da comida, enquanto a minoria abastada cria e recria modas e luxos a fim de buscarem também o seu prazer. Nos dois casos, a realização momentânea de um ato que trará felicidade e satisfação se encerra ao final da refeição. Se alimentar e se divertir ao mesmo tempo é o panis et circenses dos nossos dias que acomoda a sociedade, dando a impressão de estar plena e satisfeita com a nossa realidade apocalíptica e desigual.


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Alimentação e sociedade

Por Jessé A. Chahad

Alimentação e sociedade

Parece-me razoável acreditar na teoria tradicional contida nos livros didáticos de História, na qual o homem primitivo, sua a afirmação como grupo dominante, e a reprodução da espécie humana foram proporcionados pelo aprendizado da agricultura através da prática da observação[1].
O plantio aliado à caça formaria as bases da cultura da alimentação humana, e proporcionaria o desenvolvimento de novas ferramentas, demanda das novas práticas alimentares[2]. A elaboração de bebidas e alimentos preparados cozidos é um exemplo.
O próprio conceito de sociedade pode ter surgido a partir da socialização dos alimentos, uma vez que em grupo, os homens deveriam administrar os recursos de maneira a fortalecer o grupo. A domesticação e cultivo passaram a gerar excedentes, que eram distribuídos em banquetes, e marcavam a celebração da colheita. Esse é o segundo aspecto ou caráter da alimentação a ser demonstrado aqui, o caráter social, ou agregador.
Alguns historiadores chegam a classificar a sociedade como fundamentalmente agrícola, principalmente a partir do século IX, levando em consideração o estabelecimento do sistema feudal, que proporcionaria o renascimento do comércio e um novo salto no progresso da civilização[3]. As especiarias assumem papel importante na história da alimentação, pois agregam valor simbólico antes inexistente a diversos alimentos, e seu comércio nas grandes navegações era destinado em sua maioria a um comércio de luxo, praticado durante a Idade Média e intensificado na era moderna. Diversos alimentos de usos restritos as camadas da aristocracia conferiam uma diferenciação social criada a partir de práticas alimentares.
O País da Cocanha, lugar utópico festivo, onde a comida era abundante e o trabalho não era necessário, onde existiam rios de leite e de vinho, queijos e pães eram obtidos sem dificuldade era não apenas uma utopia strictu sensu, mas um sonho que às vezes era perseguido como real pelos europeus.
Com a descoberta do novo mundo, criou-se uma possibilidade de reprodução do paraíso na Terra, sonho perseguido pelos cristãos, recém saídos da Idade Média e que agora poderiam enfim encontrar a Cocanha, a terra abundante de alimentos, festas, orgias que agora poderia lhe pertencer.
Sabemos através de várias fontes que a fome era uma dificuldade enfrentada sempre, quase que de forma cíclica pela população[4], e a natureza era muitas vezes severa sendo uma dificuldade a ser superada pelo homem para garantir a sua sobrevivência[5] e a de seus familiares. O clima temperado, frio, as chuvas fortes eram responsáveis pela pouca incidência de alimentos e consequentemente pelo enfraquecimento sistemático mesmo no sentido biológico da raça humana, sendo normal em escavações o alto numero de restos mortais de pessoas com estaturas franzinas e com deficiência de cálcio, uma característica que durante algum tempo foi quase que um estigma acoplado ao da fome: a subnutrição.
A onda de fome de 1315 alcança um numero de mortos que apesar das divergências em relação a sua exatidão, a historiografia concorda que foram números altos, maiores que a de outras ondas de fome anteriores[6]e marca uma ruptura em um processo de crescimento demográfico que havia lhe antecedido. Em suma, nesse período de breve crescimento demográfico, não cresceu paralelamente a produção de alimentos, e nem o avanço tecnológico necessário para isso[7], o que poderia explicar o surto de fome, que sempre reforça a idéia de se ter uma esperança relacionada a um futuro melhor, em um país imaginário, ou ainda no paraíso propriamente dito, visto que uma vida de sacrifícios era recompensada teoricamente com um lugar no céu cristão.

Os estudos dedicados aos herbários da era Moderna revelam que eram um tipo de publicação muito difundido no período, e tratava dos domínios animais, vegetais e minerais[8]. A história do desenvolvimento da botânica, da farmacologia se confunde com a história da alimentação, se considerar essas plantas como alimento. A palavra droga, deriva do termo holandês drug, que durante muito tempo foi usado para designar produtos secos, como nozes ou pimentas.
A partir da industrialização do sistema capitalista, mais uma vez os hábitos alimentares passariam por uma transformação. O período de guerras incrementou as pesquisas que buscavam uma solução para uma possível crise de falta de alimentos, dentro do contexto de catástrofe eminente criado pela Guerra fria. Os alimentos sintetizados supririam a demanda emergencial do contexto bélico na pior das hipóteses, porém ao final do conflito, com a vitória do capitalismo, tais pesquisas não poderiam ser desperdiçadas, e assim os alimentos industrializados precisariam ser difundidos na sociedade.
A evolução da ciência farmacêutica, portanto acompanhou o processo de sintetização pelo qual também a alimentação após as revoluções industriais. As ciências naturais foram suplantadas pela ciência industrial, e hoje qualquer prática que se utiliza dos conhecimentos antigos sobre curas a base de ervas ou alimentos é vista como puro charlatanismo e descrença. Claro que durante a Idade Média a Igreja deu inicio ao extermínio de religiões que se utilizavam das ciências naturais, mas após a revolução higienista foi o estado que se apropriou do monopólio da cura, com o estabelecimento da medicina moderna como ciência inquestionável.

Bibliografia

BRAUDEL, Fernand. Civilização material e capitalismo. Séculos XV-XVIII. Rio de Janeiro. Edições Cosmos. 1970.

CARNEIRO, Henrique S. Amores e sonhos da flora. Afrodisíacos e alucinógenos na botânica e na farmácia. São Paulo. Xamã Editora. 2002.

HOBSBAWM, Eric J. A era dos extremos. O breve século XX. 1914-1991. São Paulo. Companhia das letras. 1994.

MENESES, Ulpiano T. Bezerra de; CARNEIRO, Henrique S. A História da Alimentação: balizas historiográficas, in: Anais do Museu paulista. História e cultura material. São Paulo. Edusp. 1997. V5.

PARKER, Geoffrey. (Org.). Atlas da História do mundo. São Paulo. Time Books. 1995.

PIRENNE, Henri. História econômica e social da Idade Média. São Paulo. Editora Mestre Jou. 1968.

OSGOOD, Robert E. (Org.) Os Estados Unidos e o mundo. Da Doutrina Truman ao Vietnã.São Paulo. Ibrasa. 1972.
[1] Geoffrey PARKER, Atlas da História do Mundo, p.35.

[2] Derek BIRDSALL, Carlo CIPOLLA, The technology of man, p.29.

[3] Henri PIRENNE, História econômica e social da Idade Média, p.15 a 30.

[4] Hilário FRANCO JUNIOR, A utopia da abundancia: A Cocanha, p.26.

[5] Georges DUBY, Guerreiros e camponeses. Primórdios do crescimento econômico europeu séc.VII a XII.,p.17.

[6] Henri PIRENNE, Historia econômica e social da Idade Média, p.200.

[7] Gerald A.J.HODGETT, Historia Social e Econômica da Idade Média, p125.

[8] Henrique CARNEIRO, Amores e sonhos da flora, p.23.
[9] Henrique CARNEIRO, Amores e sonhos da flora, p.177.