Em sua tentativa inovadora para a época, de estudar a civilização material, Fernand Braudel se propõe a estudar a produção e o consumo de alimentos que até então eram desprezados, por não serem considerados importantes na historia da humanidade, no que diz respeito a sua essencialidade para a sobrevivência do homem.
Para Braudel, os produtos considerados supérfluos devem ser abordados, pois o conceito de luxo será para ele fundamental no desenvolvimento do capitalismo e da sociedade consequentemente. Mesmo a idéia do luxo estando presente em civilizações imemoriais, Braudel acredita que após a Idade Média o comercio de produtos de luxo se intensifica, sendo apropriado exclusivamente pela camada aristocrática, criando assim mais um fator de diferenciação social.
De certa forma, este pensamento está em concordância com a tese de Henri Pirenne, que defende que mesmo durante o período medieval mais nefasto, ainda existia o comércio de artigos de luxo. Esses artigos seriam ainda mais valorizados com a descoberta de novos mercados fornecedores de especiarias e matérias primas na era moderna. A comédia do luxo praticada pelas classes dominantes seria depois reproduzida pelas massas, visto que os ricos são condenados (...) a preparar a vida futura dos pobres.
Braudel afirma que a propagação do luxo então seria nada mais do que a apropriação de excedente, em outras palavras, para a existência de tal fenômeno, seria preciso todo um arcabouço, solidificado após o feudalismo, que garantiria que a massa deveria trabalhar, ou seja, produzir o necessário, para sustentar a existência da necessidade do supérfluo.
A meu ver, se o homem é realmente filho do desejo e não da necessidade, não seria lógico ele menosprezar a sua sobrevivência em preferência ao supérfluo. Pelo contrario, apenas após a solução do que é vital, e com todas as necessidades biológicas suplantadas é que surge espaço para aquilo que não é necessário, a idéia da obrigatoriedade do conforto e do prazer obtido através da cultura material. A contradição existente entre a miséria e o luxo, estaria então tencionada a coexistir e através da História devemos problematizar essa coexistência.
Ao falar sobre o período de aumento e retração do consumo de carne na Europa, Braudel demonstra que durante a Idade Média se consumira mais carne do que na era Moderna, e que ainda se comparadas à algumas civilizações asiáticas, a Europa do ocidente poderia ser vista como privilegiada no consumo de carne, mas para além dos séculos XV e XVI, o luxo à mesa seria reservado a poucos.
Como tão amplamente analisado por Norbert Elias, o conceito de civilização foi sendo desenvolvido ao longo de centenas de anos, num processo de longa duração, e teve como função demonstrar que a sociedade ocidente era superior a oriental, constituindo-se esta noção como uma visão de si mesma.
Percebe-se como esta noção vai ganhar uma conotação diferente com a Revolução Francesa, pois agora, o processo civilizador vai ser considerado como algo concluído nos países mais desenvolvidos economicamente, que agora teriam a missão de levar esta civilização a paises menos desenvolvidos, ou seja, a estes territórios considerados inferiores, levariam o mais alto padrão civilizador já alcançado.
Neste momento, começa-se a idéia de tentar ver o desenvolvimento da humanidade através de estágios, na qual existiriam os povos superiores e os povos inferiores.
Durante o próprio século XIX, as novas teorias positivistas dariam o suporte científico a esta visão, o evolucionismo de Spencer e o darwinismo social, procuravam comprovar que as sociedades se encontram em diferentes estágios evolutivos, criando assim a dicotomia bárbaro/civilizado, na qual o homem branco constituir-se-ia como superior, estando no topo da pirâmide racial como o homem civilizado.
É importante lembrar que historicamente a humanidade se organiza de maneira desigual e, a partir do inicio do capitalismo e das sociedades de mercado, ela só prospera em alguns países em detrimento de outros. Enquanto alguns desejarem o supérfluo, não haverá como prover o necessário para todos, já afirmava Braudel.Em outras palavras, enquanto para uns o desejo de satisfazer a vontade do supérfluo é de suma importância, para a maioria tal possibilidade só é possível após a superação do que é realmente necessário para sua sobrevivência.
Para Braudel, os produtos considerados supérfluos devem ser abordados, pois o conceito de luxo será para ele fundamental no desenvolvimento do capitalismo e da sociedade consequentemente. Mesmo a idéia do luxo estando presente em civilizações imemoriais, Braudel acredita que após a Idade Média o comercio de produtos de luxo se intensifica, sendo apropriado exclusivamente pela camada aristocrática, criando assim mais um fator de diferenciação social.
De certa forma, este pensamento está em concordância com a tese de Henri Pirenne, que defende que mesmo durante o período medieval mais nefasto, ainda existia o comércio de artigos de luxo. Esses artigos seriam ainda mais valorizados com a descoberta de novos mercados fornecedores de especiarias e matérias primas na era moderna. A comédia do luxo praticada pelas classes dominantes seria depois reproduzida pelas massas, visto que os ricos são condenados (...) a preparar a vida futura dos pobres.
Braudel afirma que a propagação do luxo então seria nada mais do que a apropriação de excedente, em outras palavras, para a existência de tal fenômeno, seria preciso todo um arcabouço, solidificado após o feudalismo, que garantiria que a massa deveria trabalhar, ou seja, produzir o necessário, para sustentar a existência da necessidade do supérfluo.
A meu ver, se o homem é realmente filho do desejo e não da necessidade, não seria lógico ele menosprezar a sua sobrevivência em preferência ao supérfluo. Pelo contrario, apenas após a solução do que é vital, e com todas as necessidades biológicas suplantadas é que surge espaço para aquilo que não é necessário, a idéia da obrigatoriedade do conforto e do prazer obtido através da cultura material. A contradição existente entre a miséria e o luxo, estaria então tencionada a coexistir e através da História devemos problematizar essa coexistência.
Ao falar sobre o período de aumento e retração do consumo de carne na Europa, Braudel demonstra que durante a Idade Média se consumira mais carne do que na era Moderna, e que ainda se comparadas à algumas civilizações asiáticas, a Europa do ocidente poderia ser vista como privilegiada no consumo de carne, mas para além dos séculos XV e XVI, o luxo à mesa seria reservado a poucos.
Como tão amplamente analisado por Norbert Elias, o conceito de civilização foi sendo desenvolvido ao longo de centenas de anos, num processo de longa duração, e teve como função demonstrar que a sociedade ocidente era superior a oriental, constituindo-se esta noção como uma visão de si mesma.
Percebe-se como esta noção vai ganhar uma conotação diferente com a Revolução Francesa, pois agora, o processo civilizador vai ser considerado como algo concluído nos países mais desenvolvidos economicamente, que agora teriam a missão de levar esta civilização a paises menos desenvolvidos, ou seja, a estes territórios considerados inferiores, levariam o mais alto padrão civilizador já alcançado.
Neste momento, começa-se a idéia de tentar ver o desenvolvimento da humanidade através de estágios, na qual existiriam os povos superiores e os povos inferiores.
Durante o próprio século XIX, as novas teorias positivistas dariam o suporte científico a esta visão, o evolucionismo de Spencer e o darwinismo social, procuravam comprovar que as sociedades se encontram em diferentes estágios evolutivos, criando assim a dicotomia bárbaro/civilizado, na qual o homem branco constituir-se-ia como superior, estando no topo da pirâmide racial como o homem civilizado.
É importante lembrar que historicamente a humanidade se organiza de maneira desigual e, a partir do inicio do capitalismo e das sociedades de mercado, ela só prospera em alguns países em detrimento de outros. Enquanto alguns desejarem o supérfluo, não haverá como prover o necessário para todos, já afirmava Braudel.Em outras palavras, enquanto para uns o desejo de satisfazer a vontade do supérfluo é de suma importância, para a maioria tal possibilidade só é possível após a superação do que é realmente necessário para sua sobrevivência.