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quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Pedocracia e Capitalismo : a ditadura dos déspotas mirins.

                                                      

   Por Jessé Chahad

    A psicanalista e pós-doutora em psicanálise clínica, Marcia Neder, trouxe à tona um termo intrigante para descrever uma dinâmica social contemporânea que ela identifica como "pedocracia". Em seu livro "Despotas Mirins: o poder nas novas famílias" e, mais recentemente, em "Os Filhos da Mãe", a autora explora o fenômeno em que o poder nas relações familiares e sociais é exercido de forma significativa pelos filhos.

    Neder destaca a prevalência dessa cultura, ressaltando como ela não se limita apenas ao âmbito familiar, mas também permeia as estruturas educacionais. Em outras palavras, a "pedocracia" se estende para além das fronteiras do lar, moldando as interações não apenas entre pais e filhos, mas também influenciando o ambiente escolar.

    No cerne desse conceito, está a ideia de que os pais e mães contemporâneos muitas vezes se encontram em uma posição subordinada em relação aos filhos. A sociedade, de acordo com Neder, vive sob a égide de uma cultura que coloca as necessidades e desejos das crianças como uma prioridade, moldando não apenas o ambiente familiar, mas também influenciando as instituições educacionais.

    A psicanalista destaca a complexidade de romper com essa cultura arraigada, sugerindo que a "pedocracia" se tornou uma norma internalizada. Esse fenômeno pode gerar uma série de desafios, como a dificuldade dos pais em estabelecer limites adequados, a falta de autonomia das crianças e um desequilíbrio nas relações familiares.

    Ao explorar e discutir a "pedocracia", Marcia Neder levanta questões importantes sobre os paradigmas contemporâneos de poder nas relações familiares e sociais. Seu trabalho convida à reflexão sobre as dinâmicas presentes na criação dos filhos e destaca a necessidade de uma abordagem equilibrada para promover relações saudáveis e desenvolvimento adequado tanto para pais quanto para filhos.


    A relação entre crianças e consumo é uma questão complexa e multifacetada. As crianças são frequentemente vistas como consumidores, e a publicidade e o marketing muitas vezes direcionam suas estratégias para atrair esse público jovem. Há diversas razões pelas quais as crianças são consideradas uma fatia importante do mercado, e uma delas está relacionada à ideia de que elas podem não usar a razão de maneira plena ao fazer escolhas de consumo.

    Em sua fase de desenvolvimento, as crianças estão em processo de aprender e construir suas habilidades cognitivas, incluindo o pensamento lógico e a capacidade de tomar decisões baseadas na razão. Isso significa que, em comparação com adultos, as crianças podem ser mais influenciáveis e suscetíveis a apelos emocionais e visuais presentes na publicidade. Elas podem ser atraídas por cores vibrantes, personagens carismáticos e mensagens simples que despertam emoções.

    Além disso, as crianças muitas vezes têm uma compreensão limitada das estratégias de marketing e podem não ter desenvolvido as habilidades críticas necessárias para analisar e questionar mensagens publicitárias. Essa falta de discernimento pode torná-las alvos mais suscetíveis para estratégias de venda, o que faz com que as empresas vejam nelas uma fatia importante do mercado.

    As crianças também exercem uma influência significativa nas decisões de compra das famílias. Seja por meio de pedidos diretos aos pais ou pela influência que exercem sobre as escolhas familiares, as crianças têm o potencial de moldar as decisões de consumo de um lar.

    No entanto, é importante ressaltar que a relação entre crianças e consumo levanta preocupações éticas. A exploração comercial de crianças pode resultar em práticas que buscam capitalizar sua falta de discernimento e vulnerabilidade. Existem movimentos e regulamentações em diversos países para proteger as crianças contra práticas publicitárias injustas ou enganosas.

    Em suma, a consideração das crianças como consumidores não plenamente racionais destaca a importância de abordagens éticas e regulamentações que protejam os interesses e o bem-estar dos jovens consumidores, garantindo que eles sejam alvo de práticas comerciais responsáveis.